Entre tantos títulos, enaltecer uma conquista estadual seria um despautério futebolístico ou um “simplismo” exponencial da história bicolor. Mas o caneco de 71 está credenciado à retratação eterna por parte da galera do Paysandu. Poucas decisões foram tão imortais quanto aquele 10 de outubro de 1971 pela superação de um elenco reduzido a 18 atletas que pregaria uma senhora peça no maior rival.
O adversário abriu o marcador ainda na primeira etapa e aumentou no primeiro minuto da etapa complementar. A partir daí, a alcunha de “time da virada” daria o ar de sua graça. Moreira diminuiria aos 9 minutos e Bené empataria aos 35, levando a partida para a prorrogação.
Naqueles acasos do destino, o mesmo Moreira que daria início a consagração desta conquista como uma das mais importantes do Leônidas Castro sacramentaria a fatura com uma cabeçada fulminante. Uma mística virada com praga de “urubu”*.
Sem dúvida, uma decisão com fortes retoques de melodramas cinematográficos. Uma viagem do calvário à redenção em minutos, tendo como pano de fundo a simpática e mitológica Curuzu. Era a consagração da valentia e genialidade de um elenco combinadas com a impetuosidade de uma torcida que lotou as arquibancadas para empurrar o Paysandu ao título máximo daquele ano.
Não há como não agigantar essa conquista ou desmerecê-la diante de outras de tanta expressão. O título de 1971 foi um episódio cabalístico que transcende a exatidões. Estadual ou não, petrificou-se no imaginário da Curuzu.