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A maratona de um craque

icone de bola de futebol

É válido falar de um “desdobro” nascido da esperteza dos dirigentes bicolores no campeonato paraense de 1948. Esperteza que não faria o Paysandu chegar ao hexacampeonato, mas ajudaria a consagrar Manoel Pedro como um dos craques de uma geração de feras, do Vovô da Cidade. Embora não tenha sido campeão naquele ano, o futebol daquela onzena ficou marcado.

O incidente aconteceu em uma partida amistosa disputada na Curuzu em 4 de abril de 1948, sendo o bicolor paraense goleado pela Tuna Luso por 5x1. Contudo, não foi o placar elástico que eternizou a partida, mas a indisciplina do genial Manoel Pedro, que agrediu de forma grave o árbitro Pedro Silva, o Doca, proporcionando aquelas confusões cotidianas em jogos dramáticos. Um craque “esquentadinho”, mas com crédito pelo brilhante futebol que jogava, dando vazão ao típico protecionismo ao ídolo.

Pois bem. A peripécia do meio-campista não saiu barato para o Paysandu: O Tribunal Desportivo aplicou uma severa punição que obrigaria Manoel Pedro a cumprir, nada menos que, 13 partidas de “gancho” e não jogaria mais na temporada.

Mas a genialidade da diretoria, comandada por Cláudio José de Lima, resolveu dar o ar da sua graça para contar com o talento do rebelde craque. O Paysandu protocolou em 24 de abril de 1948 na Federação, uma maratona de 13 partidas amistosas, realizadas quase que seguidamente para que a suspensão fosse cumprida. A manobra “colou”, e o “Papão” pôde contar com a habilidade de Manoel no Campeonato Paraense. O Paysandu não ganhou o título, mas valeu o esforço. Manoel Pedro já era ídolo, participou de forma brilhante de todos os títulos do pentacampeonato bicolor (1942-1947) e da lendária goleada de 7x0 em 1945, em cima do rival Remo.

A imprensa paraense, especialista em nomear feitos, apelidou a maratona de “Torneio Manoel Pedro”, “Maratona Manoel Pedro” ou até mesmo “Quinzena Manoel Pedro”. O Paysandu jogou 13 partidas em 16 dias, marcando 50 gols e sofrendo 22, ficando com um saldo de 28 gols.

Era válido arriscar e Cláudio José foi corajoso. O Paysandu perdeu o título, é verdade, mas perdeu de forma digna, como só os grandes clubes perdem. E quanto ao “esquentadinho” Manoel Pedro? Tomou o caminho que lhe era de direito: o tapete vermelho, destinado aos grandes atletas que desfilaram pela Curuzu.

JOGOS DA “MARATONA MANOEL PEDRO”.

1º JOGO – Paysandu 5 x 3 Dramático (27 de Abril de 1948)
2º- JOGO- Paysandu 4 x 1 Auto Clube (28 de Abril de 1948)
3º JOGO- Paysandu 5 x 3 Dramático (30 de Abril de 1948)
4º JOGO- Paysandu 1 x 1 Auto Clube (1º de Maio de 1948)
5º JOGO- Paysandu 3 x 3 Paulista (2 de Maio de 1948)
6º JOGO- Paysandu 5 x 3 Dramático (4 de Maio de 1948)
7º JOGO- Paysandu 5 x 1 Auto Clube (5 de Maio de 1948)
8º JOGO- Paysandu 4 x 0 Bancrévea  (6 de Maio de 1948)
9º JOGO- Paysandu 7 x 3 Dramático (8 de Maio de 1948)
10º JOGO-  Paysandu 3 x 2 Auto Clube (9 de Maio de 1948)
11º JOGO- Paysandu 2 x 1 Dramático (10 de Maio de 1948)
12º JOGO- Paysandu 3 x 1 Paulista (11 de Maio de 1948)
13º JOGO- Paysandu 4 x 1 Recreativa (12 de Maio de 1948)

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