
Para aumentar os cuidados com a saúde mental de atletas e integrantes da comissão técnica da equipe masculina de futebol profissional bicolor, o Paysandu Sport Club investiu na contratação de uma especialista da área. Pós-graduanda em Neuropsicologia, a psicóloga paraense Thaysse Gomes já começou a atuar junto ao elenco na semana que antecedeu o clássico Re-Pa, vencido pelo Papão.
Há cerca de dez dias de trabalho no Estádio Banpará Curuzu, a psicóloga comemora os primeiros resultados. “Esperava encontrar um ambiente mais caótico aqui quando cheguei, mas encontrei alguns atletas desmotivados. Hoje, percebo que é surreal a diferença, eles estão muito mais motivados. Estar em um lugar com suporte psicológico influencia muito naquilo que você pensa sobre esse lugar. Tem sido uma experiência bem legal. Quando te chamam entendendo a tua importância, o cenário é outro. As pessoas estão compreendendo a necessidade de se ter um trabalho psíquico aqui”, afirmou.
Nesta quarta-feira (25), Thaysse Gomes liderou uma dinâmica introdutiva para que o grupo compreendesse a necessidade do mental na vivência esportiva. “Eu precisava entender qual era a demanda do clube. Por ser psicologia do esporte e se tratar de futebol, a gente já tinha algo pronto, mas precisava entender, de fato, onde eu poderia começar a contribuir. Também vamos fazer uma palestra psicoeducativa, palestras sobre sono e outras ações e testes para trazer melhorias a eles. Posteriormente, faremos uma repetição desses testes com os atletas para avaliar a evolução deles”, detalhou.
Os jogadores participaram de uma atividade ministrada pela psicóloga do clube
A psicóloga já montou um plano de intervenção para atuar de forma coletiva, individual e cognitiva junto ao grupo de atletas e também integrantes da comissão técnica. “Na primeira semana, o meu trabalho foi muito mais no sentido de apenas observar ao máximo o comportamento de cada um. Ver como eles reagiam, por exemplo, quando o técnico chamava atenção para alguma situação. Diante disso, foi possível chegar a algumas conclusões com base nos movimentos, gestos e expressões dos jogadores. Por isso, nessa semana já vamos nos antecipar e chamar alguns atletas para iniciar atendimentos individuais”, explicou.
Thaysse Gomes tem 27 anos e nasceu em Belém. Ela chega ao Paysandu com boas recomendações da psicóloga da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marta Magalhães. Formada pela Universidade da Amazônia (Unama), a nova integrante da comissão técnica bicolor trabalhou em clínicas de reabilitação, hospitais, escolas e universidades, mas foi na Federação Paraense de Futebol (FPF) que ela teve o primeiro contato direto com o esporte. “Atuava com os árbitros. Seguia protocolos da CBF e da Fifa com testes de atenção e agilidade para verificar o prejuízo atencional desses profissionais. Tinha que ficar mais ligada no aspecto cognitivo dos árbitros. A partir daí, fui cada vez mais estudando o meio esportivo”, completou.